sexta-feira, 24 de outubro de 2008


CASO ELOÁ


100 horas de desespero, angústia, medo e ansiedade. Estes foram os sentimentos de todos os que acompanharam os momentos do seqüestro da menina Eloa. E sentimentos de indignação ao desfecho inesperado. Agora levantam-se os porquês e procuram-se os culpados. Quem foi o verdadeiro culpado?
Especialistas em prevenção de acidentes constataram que uma tragédia vem seguida de vários fatores para se tornar ou eclodir em tragédia. Usa-se a expressão “efeito dominó”. Vários fatores vão se somando até todo o dominó estar derrubado.
Se reunimos fatores como: loucura, insegurança, mídia, sensacionalismo, pressão, polícia, despreparo, dúvida, falta de inteligência, irresponsabilidade e, finalmente, tragédia. Uma tragédia dificilmente acontece repentinamente. E todos os fatores que ocasionaram a esta estavam muito nítidos.
Tratando-se de um blog que tem como tema a comunicação e a mídia, gostaria de comentar sobre a culpa individual da mídia. Vale salientar que estou levando em consideração o “efeito dominó”, porém comentarei somente sobre a participação da mídia como peça desse dominó tombado.
Como não poderia ser diferente, como em todos os casos semelhantes a esse, a mídia atuou de maneira irresponsável. Fazer com que as pessoas acompanhem o caso praticamente de minuto em minuto gera certa ansiedade ao público (telespectadores) e demasiada pressão aos órgãos responsáveis na solução de tal problema. Toda essa maneira sensacionalista de se transmitir torna-se um agravante quando tais órgãos não apresentam boas condições. Mas o que vale independente do desfecho é ser o primeiro a transmitir, ter o local e a câmera exclusiva. Não importa o teor da notícia, não importa se ao final das 100 horas haverá explosões e tiros, gritos e sirenes, macas e ambulâncias, mortos e feridos. Toda a tecnologia televisiva está empenhada em atolar os telespectadores de momentos sucessivos de tensão. Sabe-se que existe um clima tenso, mas em busca da audiência cria-se um cenário que eleva essa tensão a expoentes incalculáveis.
Porque não aproveitar toda tecnologia desenvolvida no meio televisivo, equipamentos de última geração, para contribuir com uma polícia deficiente. Seria mais inteligente usar escutas ou equipamentos que conseguem captar sons quase inaudíveis para auxiliar a operação dos militares envolvidos. Câmeras escondidas colocadas em locais estratégicos. Enfim são recursos que poderiam ter sido utilizados na operação para torná-la eficaz.
É normal do ser humano querer acompanhar a situações como o caso de Eloá, acabamos nos envolvendo. Mas também é normal esperarmos um desfecho feliz e não uma tragédia. Se a mídia aparecesse menos talvez teríamos um final mais feliz. E aí sim, mídia, pode nos bombardear com finais felizes.

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